O artigo abaixo foi publicado pela USA
Today com o título "Como Vender o Cristianismo" modificado aqui
porque tem aplicações válidas ao Adventismo.
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Jim Henderson é um evangelista em
recuperação. Quando em seus dias de perseguidor de almas e plantador de
igrejas, ele começou a ouvir uma dissonância entre sua fé em Jesus e a maneira
como ele procurava ganhar novos conversos. Henderson percebeu que ele estava
fazendo aos outros o que nunca iria querer fazer a si mesmo. Ele estava
manipulando todos seus contatos com as pessoas para chegar às suas segundas
intenções. Ele via as pessoas como potenciais prêmios e distintivos de sucesso
em sua “farda evangelística” em vez de amigos em potencial. Ele
ouvia apenas à medida em que poderia revelar uma abertura argumentativa.
Ele percebeu que odiava de corpo e alma a tudo isso.
“Eu disse às pessoas em minha igreja,
'Eu não gosto dessa maneira de evangelizar, e eu sei que vocês também, então eu
decidi que eu estou formalmente renunciando testemunhar. Vocês estão
livres para fazer o mesmo", Henderson lembra. “Eu disse, 'Eu amo Jesus, você
ama Jesus, e todos nós queremos conectar as pessoas com Jesus. Mas nós vamos
ter que descobrir novas maneiras de fazê-lo.” “
Nos últimos 15 anos, Henderson
desbravou um caminho novo como inovador, autor e a consultor para igrejas e
líder na criação de novas formas de ser pública e persuasivamente cristão no
século 21. Talvez a mais subversiva - e sensata - surpresa de todas é o
segmento da sociedade no qual este cristão de Seattle, EUA buscou parceiros,
amigos e professores: os ateus.
O que poderia possivelmente um cristão
aprender com os ateus? Muita coisa, ao que parece. Henderson, assim
como muitos seguidores de Jesus, descobriram que olhar para si mesmo
e sua religião através dos olhos dos não-crentes pode ser uma experiência
reveladora.
Embora ele tenha mais de 60 anos,
Henderson é símbolo de uma onda de cristãos que pretendem corrigir a direção da
igreja. Através de pesquisas de opinião pública, diálogo e ouvidos atentos para
as mudanças de terreno e tendências, eles estão recebendo a mensagem de que as
velhas formas de evangelismo e testemunho já não colam mais.
Essa mudança tem implicações
sérias para a missão de evangelizar - o foco de inúmeras gerações de cristãos
bem intencionados obrigados a praticar a Grande Comissão que Jesus estabeleceu
no Evangelho de Mateus (“Ide e fazei discípulos de todas as nações” ). A
argumentativa abordagem padrão - construída em torno de “leis espirituais,”
A-B-C e lógica, proposições preto-no-branco de verdade religiosa - parece mais
contraproducente a cada ano que passa, e tem mais chances de repelir do
que persuadir .
Alma a venda
Ao invés de discutir com um ateu,
Henderson comprou um. Em 2006, ele ouviu falar sobre um ateu oferecendo sua
alma para o maior lance no eBay, pagou $504 e, pasmem, ganhou o leilão.
Henderson não tentou converter esse ateu, um estudante de pós-graduação chamado
Hemant Mehta. Em vez disso, pediu-lhe para avaliar igrejas e relatar suas
descobertas.
Dessa idéia surgiu uma série de visitas
a igrejas, relatórios, livros de ambos os Henderson e Mehta e o site de
Henderson www.ChurchRater.com (“Dê Um Nota a Essa Igreja”) onde as pessoas lêem
e postam comentários sobre igrejas que eles visitaram. Henderson também lançou
um ramo de negócio de consultoria de igreja, novamente usando os não-cristãos
como parceiros em seu trabalho para ajudar as igrejas a avaliarem-se através
dos olhos de estranhos.
O que os cristãos aprendem quando
começam a ouvir aos ateus? Henderson, autor do livro a ser lançado “The
Outsider Interviews” (“Entrevistas Com os de Fora”), descobriu que o
modelo "Eu estou certo/ você está errado” é um assassino de conversa
por excelência. Assim também é falar dos não-convertidos como “perdidos”. “Nada
desinteressa mais a um ateu do que ouvir um cristão dizer: 'Eu sei que Jesus é
Deus e que eu vou para o céu quando eu morrer', diz Henderson. “Eles também
notam que muitas vezes dizemos isso em voz alta e arrogante, o que só serve
para reforçar o seu parecer negativo sobre essa certeza.”
Os ateus também têm suspeitas de
pessoas que os vêem como “projetos”. Será que o contato contínuo e a eventual
amizade com os cristãos dependem de que os ateus se convertam?
Eu “caí na real” sobre a possibilidade
de um novo modelo de evangelização em uma conversa pública que tive
recentemente com meu amigo Doug Pollock, treinador de evangelismo para o
minitério Atletas Em Ação. Pollock tinha me convidado como comentarista de
religiões não-evangélicas para acompanhá-lo em sua palestra em um evento de
treinamento de evangelismo em uma mega-igreja na área de Portland. Quando Doug
me pediu que conselho eu daria para os missionários ainda em formação, a
resposta veio rapidamente: “Se você quer ter influência”, eu disse, “você tem
que estar disposto a ser influenciado e mudar de idéia. Se não,” eu
perguntei, “por quê alguém iria querer ter uma conversa com você?”
“Interlocutores Necessários”
Como o pastor cristão [e adventista]
Samir Selmanovic escreveu, as conversas de mão dupla com os não-conversos são
vitais para o crescimento espiritual do crente. Selmanovic, autor do livro 2009
é "It's Really All About God” escreveu em um artigo no blog The
Huffington Post que os ateus são "amigáveis e desejáveis
interlocutores e necessários em nossos contatos. ... Para nós, religiosos, os
ateus não são apenas vizinhos preciosos, mas também estranhos que vêem o
que não podemos ver e perguntam coisas que não sabemos como perguntar. ... Os
ateus são os delatores de Deus”.
Os benefícios fluem em ambas as
direções quando cristãos e ateus conversam. Matt Casper, ateu e co-autor com
Henderson e de Jim Casper do livro “Ir à igreja” e parceiro de Henderson no
site www.ChurchRater.com, diz que seu envolvimento com os cristãos é motivado
pelo seu desejo de levá-los a questionar a sua certeza e para ver que os ateus
não têm rabos nem chifres. Estar ao redor de cristãos, Casper acrescenta,
“fez-me uma pessoa melhor.”
O evangelismo convencional é muitas
vezes acusado, e com razão, de utilizar táticas de “isca e anzol”: pense em
reuniões sociais ou de esportes que, sem o conhecimento dos convidados, tem na
realidade o objetivo de “pescar” pessoas para uma reunião evengelística. Henderson
tem uma alternativa fascinante para propor: só usem a isca, sem o anzol.
Chamem isso de “promoção sem a
promoção”, evangelismo por atração, ou “deixe sua vida falar por si mesma,” mas
isso é o que melhor representa a fé entre muitos que não compartilham a fé
evangélica. Henderson e seus companheiros estão certos em insistir que
pretensos evangelistas simplesmente conheçam as pessoas, se tornam seus amigos
e deixem as fichas espirituais cair no tempo certo.
Esta forma re-imaginada de testemunhar
é uma boa notícia para os cristãos que, como Henderson, querem ser “normais”,
faz bem para a credibilidade pública do Cristianismo, e para todos os que ainda
não são e nunca serão convertidos que não querem parecer coitadinhos,
perdidos ou ser demonizados porque (supostamente) ainda vivem nas
“trevas”.
Estes novos representantes de Jesus do
século 21 parecem estar chegando na fórmula certa para tornar sua fé real e
conhecida nestes tempos de mudança: não há uma única fórmula.
Tom Krattenmaker é um escritor
especialista em religião e vida pública. Mora em Portland, Oregon e é membro do
USA TODAY's Board of Contributors. Ele publicou o livro Onward Christian Athletes (“Ó (Atletas) Cristãos, Avante) em
2009.
[Tradução por André Reis].
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